De San Francisco a Los Angeles: Uma Jornada Inesquecível pela Big Sur
Há viagens que marcam uma etapa da vida — e essa, pela costa da Califórnia, é uma delas. Quando decidimos seguir de San Francisco a Los Angeles pela lendária Highway 1, não sabíamos que estávamos prestes a viver uma das experiências mais cativantes de nossas vidas. É mais do que uma simples estrada entre duas cidades. É um convite para respirar fundo, abrir os vidros do carro e se deixar levar por paisagens que, de tão perfeitas, parecem retiradas de um filme.
Ao longo do caminho, o coração bate mais forte ao avistar o trecho da Big Sur, um dos cenários mais emblemáticos da costa californiana. Ali, entre penhascos escarpados, florestas que parecem sussurrar segredos antigos e praias quase intocadas, a natureza se impõe com uma beleza serena e arrebatadora. É impossível não se emocionar ao cruzar a Bixby Creek Bridge ou ao encontrar uma trilha que leva a uma cachoeira escondida em meio ao verde. São momentos assim, tão simples e ao mesmo tempo tão profundos, que tornam a viagem memorável.
Mas essa road trip vai além das paisagens. Ela oferece paradas encantadoras em vilarejos como Carmel-by-the-Sea e Monterey, onde cada esquina conta uma história e o tempo parece desacelerar. São lugares perfeitos para um café à beira-mar, um passeio sem pressa ou uma conversa boa regada a vinho local.
Para quem já viveu bastante, mas ainda tem sede de descobertas, essa jornada pela Big Sur é mais do que uma aventura — é um reencontro com o prazer de viajar a dois, com calma, com olhos atentos e coração aberto. Uma estrada que não liga apenas pontos no mapa, mas que reconecta aquilo que há de mais bonito entre o casal e o mundo ao redor.
Planejando a Viagem: como tornar sua road trip pela Big Sur ainda mais especial
Antes de pegarmos a estrada, sentamos à mesa com mapas, anotações e uma xícara de café. Planejar essa viagem fez parte da experiência — quase como saborear um prato antes mesmo de prová-lo. Afinal, uma jornada tão encantadora como essa merece ser vivida com calma, propósito e olhos atentos aos detalhes.
Qual a melhor época para viajar pela Big Sur?
Depois de conversarmos com outros casais viajantes e pesquisarmos bastante, descobrimos que os meses entre abril e outubro são os mais indicados para explorar a região. Na primavera, as colinas da Big Sur se transformam em um tapete verde pontilhado por flores silvestres, oferecendo um espetáculo visual que só a natureza é capaz de proporcionar. Já no verão, os dias longos e ensolarados nos convidam a estender os passeios e fazer piqueniques à beira-mar, sem pressa.
Se você prefere viajar com menos movimento e curtir uma atmosfera mais tranquila, o outono é uma escolha acertada. As temperaturas continuam agradáveis, as estradas estão mais vazias e os hotéis mais acessíveis. Já o inverno, embora menos popular, revela uma faceta diferente da costa californiana — com ondas mais intensas, neblina misteriosa e uma sensação de introspecção que pode ser encantadora. Só é importante checar as condições da estrada, já que a Highway 1 pode sofrer interdições nesse período por conta de deslizamentos.
Quanto tempo reservar para essa experiência?
Uma das maiores lições que aprendemos nessa viagem foi: não tenha pressa. A beleza da Big Sur não está apenas nas paradas programadas, mas também nos trechos entre elas, nos desvios inesperados e nas pequenas surpresas do caminho. Por isso, sugerimos de coração um roteiro de pelo menos três a cinco dias. É tempo suficiente para explorar mirantes icônicos como a Bixby Creek Bridge, se encantar com as McWay Falls, caminhar por trilhas em meio às sequoias e se hospedar com calma em cidades charmosas como Carmel-by-the-Sea e Monterey.
Se puder estender um pouco mais, considere incluir passeios de barco, visitas a vinícolas próximas e jantares tranquilos ao pôr do sol. Cada hora a mais se transforma em lembrança valiosa.
Carro ou motorhome: qual a melhor escolha?
Para quem gosta da liberdade de parar onde o coração mandar, alugar um carro é a opção mais prática e prazerosa. Optamos por um modelo confortável, com espaço suficiente para as malas e as inevitáveis compras de viagem — mas confesso que, em alguns momentos, sonhamos com um conversível, só para sentir o vento no rosto e ver o horizonte sem barreiras.
Já os casais que desejam uma vivência ainda mais próxima da natureza talvez se encantem com a ideia do motorhome. Além de oferecer hospedagem sobre rodas, ele convida a momentos únicos: cozinhar juntos com vista para o mar, dormir ao som das ondas e acordar com o sol pintando as montanhas da costa.
O mais importante é escolher o que melhor combina com o seu estilo e ritmo. Independentemente do veículo, o essencial é manter o espírito aberto e o olhar curioso para tudo o que essa estrada mágica tem a oferecer.
O que levar para aproveitar cada momento da sua viagem pela Big Sur
Antes de girar a chave na ignição e deixar a cidade para trás, vale a pena fazer uma pausa e pensar com carinho na bagagem. Afinal, essa não é uma simples viagem de carro — é uma jornada por uma das estradas mais bonitas do mundo, e estar bem preparado pode fazer toda a diferença entre um passeio agradável e uma experiência inesquecível.
Vista-se em camadas, como quem se adapta ao caminho.
O clima ao longo da costa californiana é cheio de nuances. Enquanto as manhãs podem ser frescas e envoltas por névoas sutis, as tardes trazem sol brilhante e céu aberto. Um casaco leve, uma blusa de manga comprida e uma camiseta por baixo resolvem tudo — e você se adapta ao dia com conforto e estilo.
Não subestime o sol californiano.
Mesmo quando a brisa é fresca, o sol está presente — refletido no mar, nas pedras, no para-brisa. Um bom protetor solar, óculos escuros de qualidade e até um chapéu leve vão garantir que sua pele e seus olhos fiquem protegidos, para que você possa curtir a viagem sem desconfortos.
Água e lanches sempre por perto.
Em alguns trechos da Big Sur, a natureza é tão selvagem e preservada que não há restaurantes nem mercados por perto. Ter uma garrafa d’água sempre cheia, algumas frutas secas ou barrinhas na mochila ajuda a manter a energia — especialmente durante as trilhas ou paradas em mirantes.
Leve um mapa ou baixe o GPS offline.
Acredite, o sinal de celular desaparece em vários pontos da estrada. Tivemos momentos em que nosso GPS “sumiu” e, se não fosse o mapa que havíamos salvo no telefone, talvez tivéssemos perdido alguma joia escondida do percurso. O bom e velho papel também vale: nostálgico e prático.
Para quem ama registrar memórias, a câmera é essencial.
A Big Sur é uma sequência de cartões-postais naturais. Tenha sua câmera ou celular pronto, com bateria carregada e espaço de sobra para fotos. A luz muda o tempo todo, e cada curva pode revelar aquela paisagem que vai direto para o porta-retratos da sala.
Tênis confortáveis, companheiros de boas descobertas.
Algumas das trilhas mais bonitas são curtas e acessíveis, ideais para casais que querem explorar sem esforço exagerado. Um calçado firme e confortável torna esses momentos ainda mais prazerosos — seja caminhando até uma cachoeira ou parando em um penhasco para contemplar o horizonte.
Com esses cuidados simples, você estará pronto para viver não apenas uma viagem, mas uma coleção de momentos únicos. A Big Sur nos ensina que o verdadeiro luxo está em parar, respirar e se permitir ser tocado pela beleza do caminho. Então, arrume as malas com carinho — e, mais do que tudo, com vontade de se surpreender.
Primeira Parada: San Francisco — o começo de uma jornada inesquecível
Antes mesmo de o carro tocar a lendária Highway 1, fizemos questão de reservar alguns dias para explorar San Francisco com calma. E que escolha acertada! Essa cidade vibrante, com suas colinas ondulantes, casas vitorianas e neblina poética ao amanhecer, é mais do que um ponto de partida: é uma experiência em si, que já nos colocou no clima da aventura que viria pela frente.
O que vale a pena fazer antes de cair na estrada
Golden Gate Bridge
Não tem como começar por outro lugar. Cruzar a Golden Gate Bridge é um daqueles momentos que nos fazem sorrir sem nem perceber. Fizemos isso de carro, com a trilha sonora certa tocando no rádio e o coração batendo mais forte. Do lado norte, o mirante de Battery Spencer nos presenteou com uma vista espetacular da ponte abraçada pela neblina — uma cena digna de filme, daquelas que a gente guarda para sempre.

Fisherman’s Wharf
Em seguida, fomos ao Fisherman’s Wharf, que apesar de turístico, tem um charme que conquista. Caminhamos sem pressa pelo calçadão, ouvindo o som dos músicos de rua e nos encantando com os leões-marinhos no Pier 39. Para o almoço, não resistimos ao tradicional clam chowder servido no pão sourdough — uma verdadeira iguaria local, perfeita para aquecer o corpo e o espírito.
Alcatraz
Para quem gosta de história, como nós, a visita à ilha de Alcatraz foi imperdível. O antigo presídio guarda histórias impressionantes e oferece uma das vistas mais surpreendentes do horizonte de San Francisco. Reservamos os ingressos com antecedência (o passeio costuma lotar), e valeu cada minuto. Silenciosa e imponente, Alcatraz é muito mais do que se imagina.
Antes de partir: os preparativos que fazem a diferença
Com o coração cheio de imagens lindas da cidade, voltamos o olhar para o que viria pela frente — a Big Sur nos esperava. Mas, antes de sair da cidade, tomamos algumas providências que tornaram a viagem mais tranquila e prazerosa:
Abastecer o carro
Mesmo que o tanque não estivesse vazio, fizemos questão de completar. O trecho da Highway 1 que percorre a Big Sur tem poucos postos, e estar prevenido nos deu segurança para curtir a estrada com tranquilidade.
Reabastecer os mantimentos
Paramos em um Trader Joe’s e montamos nossa “cesta de viagem”: água, frutas, nozes, lanchinhos saudáveis e até alguns itens para um piquenique com vista para o mar. Nos trechos mais selvagens da Big Sur, não há tantas opções de restaurantes, e ter esses alimentos à mão fez toda a diferença.
Verificar o carro
Antes de qualquer road trip, um check-up no veículo é essencial. Pneus calibrados, óleo em dia, GPS atualizado e o kit de emergência no porta-malas. Viajar com segurança é parte fundamental da experiência — principalmente quando se está longe de centros urbanos.
Explorando a Big Sur: quando a estrada se transforma em poesia
É difícil colocar em palavras o que sentimos ao cruzar os primeiros quilômetros da Big Sur. Depois de deixar para trás o burburinho suave de Monterey e a delicadeza encantadora de Carmel-by-the-Sea, a estrada se abre em um cenário de tirar o fôlego. É como se a natureza, com toda sua generosidade, tivesse preparado um espetáculo só para quem escolhe viajar com calma, sensibilidade e olhos atentos.
Mas antes de mergulhar nos penhascos dramáticos e no silêncio reverente da Big Sur, vale a pena dedicar um tempo às duas cidades que marcam o início desse capítulo da viagem.
Monterey: entre o passado e o azul da baía
Monterey tem aquele charme de cidade costeira com alma histórica. Caminhar por suas ruas é quase como folhear um livro antigo, cheio de memórias e histórias do tempo em que as fábricas de conservas dominavam a costa.
Cannery Row, com suas fachadas restauradas, hoje abriga lojinhas, cafés e restaurantes acolhedores com vista para o mar. Mas o que mais nos marcou foi a sensação de estar num cenário que já inspirou escritores como John Steinbeck — e de perceber como a cidade preserva esse passado com orgulho e afeto.
Outro ponto alto foi o Monterey Bay Aquarium. Não somos especialistas em vida marinha, mas saímos de lá encantados. As exposições são imersivas, educativas e nos aproximam de um universo subaquático fascinante. Vimos polvos se movendo com elegância hipnotizante, medusas flutuando como obras de arte e uma janela panorâmica que nos fez sentir parte do oceano. Um programa imperdível, mesmo para quem viaja sem crianças.
Carmel-by-the-Sea: um conto de fadas à beira-mar
A poucos minutos dali, Carmel nos acolheu com sua beleza serena e suas ruas floridas. É o tipo de lugar onde se caminha devagar, de mãos dadas, apenas apreciando cada detalhe: os telhados inclinados das casas, as vitrines das galerias de arte, o som leve do vento entre as árvores.
Passamos uma tarde visitando algumas galerias locais e nos surpreendemos com a diversidade e a sensibilidade das obras. Carmel respira arte, mas também história — como na belíssima Mission San Carlos Borromeo, uma missão fundada em 1770. Seu jardim silencioso e sua arquitetura em pedra nos convidaram à contemplação, um respiro de paz antes de seguir pela estrada.
A imensidão da Big Sur: onde o silêncio fala mais alto
Quando deixamos Carmel e entramos definitivamente na Big Sur, algo mudou dentro de nós. É difícil explicar, mas talvez seja o impacto da beleza crua, quase selvagem, que se apresenta sem filtros. A estrada serpenteia por penhascos que mergulham no azul do Pacífico, e cada curva parece revelar um novo quadro natural.
A Bixby Creek Bridge, imponente e delicada ao mesmo tempo, é parada obrigatória. Tiramos fotos, claro, mas também paramos para simplesmente olhar — e sentir. Aquilo não é só uma ponte, é um símbolo do quanto o ser humano pode se integrar à natureza sem destruí-la.
Em seguida, descobrimos a mágica Pfeiffer Beach, com suas areias de tom púrpura e o famoso arco de pedra que o mar atravessa com um sopro de eternidade. Chegamos no fim da tarde e fomos presenteados com um pôr do sol que parecia pintado à mão.
McWay Falls, por sua vez, é daquelas imagens que não se esquece. Uma cachoeira que deságua diretamente na areia, em uma enseada tão protegida que parece um segredo guardado por séculos. Do mirante, vimos o mar beijar a base da queda d’água, num balé silencioso e hipnotizante.
Conexão com a natureza: caminhar, observar, respirar
No Parque Estadual Julia Pfeiffer Burns, seguimos trilhas fáceis, perfeitas para casais que preferem explorar sem pressa. Caminhamos entre sequoias altíssimas, ouvindo apenas o som das folhas e o farfalhar leve do vento. É um lugar que nos reconecta com o essencial.
E mais ao sul, já perto do fim do trecho da Big Sur, tivemos uma surpresa encantadora: os elefantes-marinhos de Piedras Blancas. Foi emocionante observar aqueles animais enormes descansando preguiçosamente à beira da praia. Durante certas épocas do ano, são centenas, e o cenário se torna um espetáculo natural raro e silencioso.
A Big Sur não é apenas uma estrada: é um estado de espírito. Um lugar onde o tempo desacelera, onde as conversas fluem com mais profundidade e onde o silêncio também tem seu espaço. Para nós, foi um dos momentos mais marcantes da viagem — e, sem dúvida, um dos mais transformadores das nossas vidas.
Los Angeles: o grand finale de uma viagem inesquecível
Após dias de conexão profunda com a natureza, com o mar nos guiando pelas curvas da Big Sur e o silêncio das florestas nos oferecendo refúgios de contemplação, chegar a Los Angeles é como abrir os olhos para um novo cenário — vibrante, intenso e cheio de vida. A chamada Cidade dos Anjos surge no horizonte como um sopro de energia, um mosaico de culturas, estilos e sonhos que pulsa em cada esquina.
É um contraste fascinante. A quietude da estrada dá lugar ao burburinho dos cafés, ao brilho das vitrines, ao vai e vem de pessoas de todas as partes do mundo. Mas, ao invés de chocar, esse encontro entre a serenidade e o ritmo urbano funciona como um desfecho perfeito. Afinal, toda boa viagem precisa de um final que celebre o caminho percorrido — e Los Angeles faz isso com maestria.
Do cinema ao mar: o que fazer em Los Angeles
Hollywood: onde os sonhos ganham forma
Não resistimos ao charme do clássico. A primeira parada foi Hollywood, e ali nos sentimos parte da história do cinema. Caminhar pela Calçada da Fama, reconhecendo nomes que marcaram gerações, foi quase um jogo nostálgico. Diante do Teatro Chinês TCL, onde tantas estreias lendárias aconteceram, paramos por alguns minutos só para observar. Do alto do Griffith Park, avistamos o famoso letreiro — o “Hollywood Sign” — e, mais uma vez, nos demos conta de que estávamos encerrando a viagem com uma dose generosa de encantamento.

Santa Monica Pier: o ponto final com sabor de infância
O píer de Santa Monica tem uma aura leve e quase lúdica. Ali, sob o céu dourado do entardecer, nos misturamos a famílias, casais e viajantes de todos os estilos. Experimentamos um passeio pelo Pacific Park, tiramos fotos diante do letreiro que marca o fim da lendária Rota 66 e brindamos a nossa jornada com uma vista ampla do oceano, que agora parecia se despedir com doçura.
Venice Beach: arte, liberdade e autenticidade
Encerramos nossos dias em Los Angeles com uma visita à boêmia Venice Beach. Lá, a vida pulsa de forma diferente — mais colorida, mais criativa, mais livre. Caminhamos pelo Venice Boardwalk, observando artistas de rua, músicos e vendedores que transformam o calçadão em uma verdadeira galeria a céu aberto. Alugamos bicicletas e exploramos os canais históricos de Venice, inspirados em Veneza, e terminamos o dia sentados na areia, vendo o sol se pôr mais uma vez sobre o Pacífico, agora com a alma cheia de histórias para contar.
Duas experiências extras para encerrar com chave de ouro
Se houver tempo, estender a viagem até San Diego pode ser uma excelente escolha para encerrar essa aventura com um toque a mais de diversidade. A cerca de duas horas de Los Angeles, a cidade é conhecida por seu clima agradável, praias amplas e atrações que encantam todas as idades. O SeaWorld San Diego é um dos destaques, oferecendo shows com golfinhos e orcas, aquários imersivos e áreas verdes perfeitas para passeios tranquilos. Também vale visitar o Balboa Park, um espaço que combina jardins bem cuidados, museus e uma bela arquitetura em estilo colonial espanhol — ideal para um dia de contemplação e descobertas.

E para os amantes de esporte, ou simplesmente para quem deseja viver uma típica experiência americana, assistir a um jogo de NBA pode ser o ponto alto da passagem por Los Angeles. Se a temporada estiver em andamento, não perca a chance de ver ao vivo times como o Los Angeles Lakers ou o Los Angeles Clippers em ação. A energia da arena, os shows de intervalo e a vibração do público transformam a partida em um verdadeiro espetáculo — mesmo para quem não acompanha o basquete de perto.
Dicas para aproveitar cada instante da sua road trip pela Califórnia
Se há algo que aprendemos ao longo dessa jornada é que, quando se trata de uma viagem pela costa da Califórnia, os detalhes fazem toda a diferença. Planejar com carinho e estar atento aos pequenos toques de cada parada transforma essa road trip entre San Francisco e Los Angeles em algo ainda mais especial — quase como uma trilha sonora perfeita que acompanha cada curva da estrada.
Sabores da estrada: onde comer e se encantar
A culinária californiana é um capítulo à parte, e cada cidade ao longo do caminho reserva experiências deliciosas para quem gosta de descobrir sabores com alma.
Em Monterey, não deixe de experimentar a famosa sopa de mariscos do Old Fisherman’s Grotto. Servida ainda fumegante no pão sourdough, é o tipo de prato que aquece o corpo e o coração.
Em Carmel-by-the-Sea, se permita um almoço no La Bicyclette, um bistrô acolhedor com jeitinho europeu. Os pratos, preparados com ingredientes frescos e muito charme, combinam perfeitamente com o clima artístico da cidade.
Na Big Sur, o cenário já é de tirar o fôlego — mas que tal combinar a vista com um bom prato? O Nepenthe é parada obrigatória. Do terraço, a paisagem se espalha diante dos olhos enquanto você saboreia um clássico Ambrosia Burger com batatas crocantes e um vinho local. Um verdadeiro banquete para todos os sentidos.
E, já em Santa Monica, encerramos com estilo no The Lobster, restaurante de frutos do mar fresquíssimos com vista para o pier e a roda-gigante. Um jantar aqui é como brindar a jornada com um pôr do sol dourado no horizonte.
Para quem prefere algo mais leve e descontraído, os mercados locais também são uma delícia à parte. O Carmel Valley Farmers’ Market, por exemplo, é perfeito para montar uma cesta com frutas frescas, queijos artesanais e um bom vinho para um piquenique à beira-mar.
Fique atento às condições da estrada e ao clima
A lendária Highway 1 é belíssima, mas como toda estrada costeira, está sujeita aos caprichos da natureza — especialmente nos meses de inverno, quando deslizamentos de terra podem causar interdições.
Antes de sair, consulte o site oficial do Caltrans (Departamento de Transportes da Califórnia) para verificar se há trechos bloqueados. Se encontrar algum impedimento, não se preocupe: a US-101 é uma alternativa segura e eficiente que pode reconectar você à rota principal sem grandes desvios.
E lembre-se: o clima na costa muda com frequência. Começamos alguns dias de jaqueta e terminamos de camiseta. Leve roupas em camadas, assim você se adapta com facilidade ao friozinho da manhã, ao vento da tarde e aos dias ensolarados que surgem de surpresa.
Registre os momentos: os melhores pontos para fotos inesquecíveis
Se você é do tipo que gosta de eternizar paisagens e emoções, prepare sua câmera — ou o celular — porque essa estrada é um verdadeiro cenário de cinema.
- Golden Gate Bridge: Vista imperdível do alto do mirante em Battery Spencer, com San Francisco ao fundo.
- Bixby Creek Bridge: Um dos ícones da Big Sur, emoldurado pelo azul do Pacífico e pelas falésias dramáticas.
- McWay Falls: A imagem poética da cachoeira que deságua direto na areia, em um recanto protegido e quase intocado.
- Pfeiffer Beach: As misteriosas areias roxas e o famoso arco de pedra iluminado pela luz dourada do entardecer.
- Santa Monica Pier: A roda-gigante, o pier de madeira e o céu em tons alaranjados — a foto perfeita para encerrar a viagem.
Com essas dicas, você não só se prepara melhor, como também se permite viver cada trecho dessa estrada com mais leveza, mais segurança e mais encanto. Porque, no fim das contas, não se trata apenas de chegar ao destino — mas de como se percorre o caminho.
Por fim…
Viajar de San Francisco a Los Angeles pela costa da Califórnia não é apenas cruzar o mapa de norte a sul. Para nós, foi como abrir um livro em que cada página guardava uma paisagem nova, um sabor inesperado, uma emoção compartilhada a dois. É aquele tipo de jornada que vai muito além dos quilômetros percorridos — porque o que realmente conta são os momentos que colecionamos pelo caminho.
Da elegância atemporal de Monterey e Carmel-by-the-Sea, com seus cafés aconchegantes e ruas tranquilas, até a imensidão arrebatadora da Big Sur, com seus penhascos que tocam o céu e praias escondidas onde o tempo parece desacelerar… tudo nos convidou a viver com mais presença, com mais leveza. Cada parada nos trouxe algo único — seja um silêncio contemplativo, uma conversa inspiradora ou apenas a alegria de estarmos juntos, sem pressa, com o vento no rosto e o oceano ao lado.
Chegar a Los Angeles depois de tudo isso foi como entrar em um novo capítulo. Uma cidade que pulsa, que nos convida ao movimento e à descoberta. Um contraste fascinante com a serenidade da estrada, mas que, de alguma forma, fez todo o sentido. Afinal, essa viagem é, acima de tudo, sobre contrastes: entre o mar e a montanha, entre o silêncio e o burburinho, entre o desconhecido e o que ressoa dentro da gente.
Agora, é a sua vez. Se você está pensando em fazer essa viagem, vá. Não espere por um “momento ideal”. Pegue a estrada, respire fundo, se permita sair do roteiro — mesmo que por uma curva inesperada. Ouça o som das ondas batendo nas rochas, sinta a brisa da manhã tocando a pele, admire os tons dourados do entardecer refletidos no mar. A Highway 1 está ali, pronta para ser vivida. E pode ter certeza: ela tem o poder de transformar.
Como escreveu Jack Kerouac — e como sentimos a cada quilômetro percorrido —: “Nada atrás de mim, tudo à minha frente, como sempre é na estrada.” Que a sua estrada também seja cheia de descobertas, liberdade e momentos que aquecem o coração.
Dica exclusiva da autora
Se tiver um tempinho extra no roteiro, não deixe de fazer um pequeno desvio até o Point Lobos State Natural Reserve, bem pertinho de Carmel-by-the-Sea. A gente quase passou direto, mas felizmente alguém nos recomendou — e foi um dos lugares que mais nos emocionou em toda a viagem.
Esse parque, muitas vezes deixado de fora dos guias turísticos, é um verdadeiro tesouro escondido da costa californiana. Imagine falésias dramáticas, enseadas escondidas com águas em tons de esmeralda, e trilhas curtas que revelam vistas de tirar o fôlego. Tudo isso em meio a uma natureza ainda intocada.
Fizemos a trilha Cypress Grove Trail, e que surpresa maravilhosa. São menos de 15 minutos de caminhada, mas a paisagem parece ter saído de um filme: ciprestes antigos, o som das ondas batendo forte nas pedras e o cheiro fresco do mar nos acompanhando o tempo todo. E para quem, como nós, ama observar a vida selvagem, há grandes chances de ver lontras-marinhas, focas e até baleias cinzentas, dependendo da época do ano.
Leve um lanche, sente-se em um dos bancos de madeira e apenas contemple. Ali, sem sinal de celular, sem pressa e sem distrações, tivemos um dos momentos mais bonitos da viagem. E é isso que a estrada nos ensina: que às vezes, os maiores tesouros estão justamente nos pequenos desvios.