Sempre ouvi dizer que Paris era um lugar para se viver ao menos uma vez na vida. Mas foi só depois dos 40, viajando ao lado do meu marido, que entendi o que isso realmente significava. Não se trata apenas da Torre Eiffel iluminada ao entardecer ou dos museus repletos de obras-primas — embora tudo isso seja maravilhoso. É o jeito como a cidade nos convida a desacelerar, a sentar num café sem pressa, a observar o vai e vem dos parisienses, a saborear um croissant que parece ter sido feito só pra gente.
Nesta viagem, Paris nos acolheu com charme, sabor e arte em cada esquina. Em cada rua estreita do Marais, em cada taça de vinho ao fim da tarde, descobrimos que a Cidade Luz não é feita apenas de pontos turísticos, mas de momentos. E são esses momentos — cheios de beleza, autenticidade e emoção — que quero compartilhar com você neste artigo.
Arte em Paris: Um Mergulho na Cultura
Se tem algo que Paris sabe fazer como ninguém é nos surpreender com arte em todos os cantos. Desde as fachadas dos prédios históricos até murais coloridos escondidos em ruelas do Marais, a cidade respira cultura. Confesso que, mesmo já tendo lido e ouvido tanto sobre os museus parisienses, nada se compara à emoção de estar ali, caminhando de mãos dadas com meu marido por corredores cheios de história e beleza.
Museu do Louvre

A primeira vez que vi a pirâmide de vidro do Louvre foi de arrepiar. Era início da manhã e a luz suave refletia na estrutura de forma quase poética. Entrar ali foi como mergulhar num livro de história da arte. Paramos diante da Monalisa — sim, é menor do que imaginávamos, mas há uma energia ali que é difícil de explicar. A grandiosidade do museu, o silêncio respeitoso dos visitantes, as esculturas de mármore… tudo contribui para uma experiência única. E é impossível sair sem se sentir um pouco mais culta e encantada.
Museu d’Orsay
Se o Louvre é um mergulho profundo na história da arte, o d’Orsay é pura emoção. Instalado em uma antiga estação de trem, o prédio por si só já é uma obra de arte. Foi ali que me emocionei diante de um quadro do Monet — aquelas pinceladas suaves, a delicadeza das cores… parecia que o tempo tinha parado. A gente se sentou num banco, ali no meio do salão, e ficamos só observando. Sem pressa. Sem compromisso. Apenas absorvendo.
Centro Pompidou
Já o Centro Pompidou foi uma surpresa para nós dois. A fachada, toda cheia de tubos coloridos e escadas rolantes externas, chamou a atenção de longe. Lá dentro, a arte contemporânea nos desafiou e também nos divertiu. Foi interessante sair da zona de conforto e explorar algo mais ousado, mais moderno. E o terraço, com aquela vista incrível de Paris, foi o lugar perfeito para uma pausa com café e fotos.
A Arte nas Ruas
Se tem algo que me marcou profundamente nessa viagem a Paris foi a presença constante da arte — não só dentro dos museus, mas nas ruas, viva, pulsante, inesperada. A sensação é de estar caminhando dentro de uma galeria a céu aberto, onde cada esquina revela uma nova surpresa, um toque de cor, um gesto criativo. Confesso que em vários momentos eu e meu marido paramos no meio da rua apenas para admirar um mural, ouvir um músico de rua ou observar um artista retratando turistas em tempo real. É contagiante, quase impossível não se deixar envolver.
Em Montmartre, por exemplo, o clima boêmio ainda pulsa com força. A cada passo pelas ruas de paralelepípedo, era como se estivéssemos voltando no tempo. Os cafés cheios de charme, os artistas espalhados pela Place du Tertre, pincéis em mãos, telas vibrantes… tudo ali nos lembrava que esse bairro já foi o lar de gênios como Picasso e Toulouse-Lautrec. Sentamos num café, pedimos dois cafés crème e ficamos observando o movimento. Foi um daqueles momentos simples, mas cheios de alma. Eu via meu marido sorrindo, encantado com a cena, e pensei: é por isso que a gente viaja — para viver isso.
Já em Belleville, a experiência foi completamente diferente, mas igualmente impactante. A arte urbana aqui é ousada, colorida, politizada. Os grafites enormes, os murais que ocupam fachadas inteiras, as mensagens escondidas nos desenhos — tudo parece conversar com quem passa. Caminhar por Belleville foi como decifrar códigos visuais, cada obra nos contava uma história. E o mais bonito é perceber como essa arte de rua transforma o espaço, dá vida nova ao bairro e conecta culturas de diferentes partes do mundo.
Tivemos a sorte de estar em Paris durante a Nuit Blanche, um evento anual que transforma a cidade num grande palco artístico durante uma noite inteira. As luzes, as projeções nos prédios históricos, as performances inesperadas em praças e parques… foi como estar num sonho coletivo, em que todos — locais e turistas — compartilhavam a mesma curiosidade e encantamento. Caminhamos até tarde, mesmo com os pés cansados, porque a cidade parecia não querer dormir, e nós também não queríamos perder nada.
Além disso, nos deparamos com exposições temporárias em lugares que nem imaginávamos. Entramos por acaso em uma galeria no bairro do Marais e descobrimos uma mostra lindíssima sobre artistas mulheres contemporâneas. A curadoria era sensível, provocadora, e nos fez refletir sobre o papel da arte na transformação social. Saímos de lá emocionados, com a sensação de que estávamos vivendo uma versão mais intensa e consciente de nós mesmos.
Paris nos mostrou que arte não é só contemplação — é também encontro, movimento, surpresa. E quando ela invade as ruas, se mistura com a rotina da cidade e toca quem passa, é impossível não se apaixonar ainda mais.
Gastronomia: Sabores de Paris
Paris tem um sabor único. E não falo só das receitas, mas da forma como os parisienses vivem a gastronomia — com tempo, com prazer, com respeito aos ingredientes e aos rituais. Comer em Paris não é apenas se alimentar; é um ato cultural, quase poético. Desde o café da manhã mais simples até os jantares mais elaborados, tudo é vivido com intensidade e atenção aos detalhes. E nós, que adoramos explorar os sabores do mundo, nos entregamos completamente a essa deliciosa missão.
Nosso primeiro café da manhã na cidade foi em uma boulangerie próxima ao hotel. Eu pedi um croissant e um café crème, meu marido optou por uma baguete com manteiga e geleia. Pode parecer simples, mas foi inesquecível. O croissant era leve, dourado, com camadas que desmanchavam na boca. Nunca mais consegui comer um croissant fora da França sem fazer alguma comparação. Ali, naquela mesa da calçada, com o movimento suave da cidade despertando ao nosso redor, sentimos que estávamos realmente em Paris.
Outro momento marcante foi quando decidimos experimentar a tradicional sopa de cebola gratinada. Estávamos caminhando à noite pelo Quartier Latin, o frio começava a apertar e vimos um pequeno bistrô com luz baixa e uma atmosfera acolhedora. Sentamos, pedimos a sopa — que chegou fumegante, coberta com queijo derretido e pão tostado mergulhado no caldo rico e adocicado. Foi como um abraço quente depois de um longo dia. Nos olhamos e rimos, porque sabíamos que aquele sabor ia ficar na memória para sempre.
O foie gras, claro, também não poderia faltar na nossa experiência. Tivemos nosso primeiro contato com ele durante um jantar especial em um restaurante à luz de velas no Marais. Eu confesso que estava um pouco receosa, mas curiosa. A textura delicada, quase amanteigada, e o sabor intenso e sofisticado me surpreenderam. Foi servido com uma geleia de figo e torradas levemente crocantes, criando um contraste maravilhoso. Lembro de ter fechado os olhos no primeiro pedaço — queria absorver cada nuance daquele sabor tão francês, tão tradicional, tão diferente de tudo o que já havia provado.
E como não falar do boeuf bourguignon? Um prato clássico da culinária francesa, feito com carne cozida lentamente em vinho tinto, acompanhado de batatas ou legumes. Provamos essa delícia em um restaurante charmoso no bairro de Saint-Germain-des-Prés. O garçom explicou com orgulho que a receita era da avó do chef. O sabor era profundo, reconfortante, com a carne se desfazendo no garfo. Parecia que cada garfada contava uma história — de tradição, de família, de tempo dedicado ao preparo.
Ah, e claro, o crème brûlée. Foi nossa sobremesa favorita. A combinação do creme delicado com aquela crosta de açúcar queimado — que se quebra com a colher fazendo um estalinho perfeito — é uma daquelas experiências sensoriais que beiram a perfeição. Provamos um que vinha aromatizado com baunilha de Madagascar, em uma pequena brasserie próxima ao Sena, e até hoje lembramos com carinho daquele final de tarde doce e especial.
A gastronomia em Paris não está apenas nos pratos refinados. Está também nos mercados, nas feiras de rua, nos piqueniques improvisados com queijos, frutas e uma garrafa de vinho comprada na esquina. Em cada sabor, há uma história, uma emoção, uma memória em formação. Para nós, os sabores de Paris foram mais do que refeições — foram momentos de conexão com a cidade, com a cultura e, acima de tudo, entre nós dois.
Mercados de Comida e Cafés Charmosos
Uma das coisas que mais me encantou em Paris foi a forma como a comida e o convívio social se entrelaçam de maneira tão natural. Os parisienses têm um jeito todo especial de celebrar a vida ao redor da mesa, seja em mercados vibrantes ou em cafés cheios de charme. E estar lá, ao lado do meu marido, vivenciando esses rituais simples, foi uma das partes mais saborosas e autênticas da viagem.
Visitamos o Le Marché des Enfants Rouges, o mercado de alimentos mais antigo de Paris, por sugestão de um casal francês que conhecemos no hotel. E que descoberta maravilhosa! O ambiente mistura tradição e diversidade com uma energia acolhedora. Caminhamos entre as barracas admirando a variedade de queijos artesanais, pães fresquinhos, legumes coloridos e especiarias que perfumavam o ar. Foi lá que almoçamos um cuscuz marroquino delicioso, compartilhando uma pequena mesa de madeira com outras pessoas — como se estivéssemos numa grande festa improvisada. A experiência foi tão rica que voltamos dias depois só para provar um prato japonês preparado na hora, servido com gentileza e sorriso no rosto.
Outro mercado que nos marcou foi o Marché d’Aligre, menos turístico e mais frequentado por locais. Uma mistura vibrante de feira ao ar livre com mercado coberto, onde as barracas de frutas e flores disputam espaço com lojas de vinhos e padarias artesanais. Encontramos ali um pequeno empório que vendia foie gras feito por produtores do sudoeste da França — e levamos um potinho como lembrança (que durou pouco, claro!). Também descobrimos um pequeno café escondido ao fundo do mercado, com mesinhas de ferro e música francesa ao fundo. Foi um daqueles momentos em que você se sente parte da cidade, mesmo sendo visitante.
E falando em cafés… Ah, os cafés de Paris! Eles têm uma alma própria, como se carregassem memórias das conversas que já aconteceram por ali. Sentar em uma mesa na calçada, pedir um café e observar a cidade é quase um ritual sagrado. Visitamos os clássicos, claro — o Café de Flore e o Les Deux Magots, onde nomes como Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre costumavam passar horas filosofando sobre a vida. Estar ali, onde tantos artistas e pensadores se encontraram, nos fez sentir parte de algo maior. E o pain au chocolat servido ainda quentinho, com o chocolate derretendo por dentro, foi só a cereja do bolo.
Mas também nos deixamos guiar pelo acaso e acabamos encontrando cafés menos famosos, mas igualmente encantadores. Um deles foi o Fragments, no Marais — pequenino, com um café impecável, bolos caseiros e um ambiente acolhedor que nos fez querer ficar ali o resto da tarde. Outro foi o Café Loustic, onde tomamos um dos melhores cappuccinos da viagem, cercados por uma clientela jovem, livros nas mesas e uma playlist tão boa que até perguntamos o nome das músicas.
Esses lugares, entre o cheiro de pão assando e o burburinho das conversas, foram onde mais sentimos o espírito parisiense pulsar de verdade. Em Paris, a comida não é apenas sustento — é expressão, é cultura, é afeto. E foi exatamente isso que encontramos nos mercados e cafés: momentos de pausa, partilha e prazer, que levamos conosco como uma das partes mais doces da nossa viagem.
Doces e Pâtisseries
Se existe um paraíso para os apaixonados por doces, ele certamente tem endereço fixo em Paris. A cada vitrine das pâtisseries, é impossível não parar, suspirar e desejar provar tudo. Os doces franceses não são apenas sobremesas — são pequenas joias comestíveis, criadas com uma delicadeza e perfeição que beiram o artístico. E nessa viagem, eu e meu marido nos entregamos sem culpa a essa deliciosa tentação, como dois exploradores diante de um mapa recheado de delícias.
Um dos nossos primeiros encontros com essa doçura parisiense foi com os macarons da Ladurée. Caminhávamos pela Champs-Élysées quando fomos atraídos pela vitrine elegante, quase hipnotizante, daquela tradicional casa de chá. Entramos e escolhemos uma caixinha com diferentes sabores — pistache, framboesa, caramelo com flor de sal… Cada mordida era uma explosão de texturas e aromas. Crocantes por fora, macios por dentro, leves e ao mesmo tempo intensos. Era como provar um pedacinho da sofisticação francesa em forma de doce.
Outro momento inesquecível foi quando decidimos experimentar os famosos éclairs da Fauchon. Eu já havia visto fotos antes de viajar, mas nada me preparou para a beleza real daqueles doces. Eles não são apenas saborosos — são verdadeiras obras de arte. Escolhi um de chocolate amargo com cobertura brilhante e decoração dourada, e meu marido foi de éclair de limão siciliano com cobertura branca e toque cítrico. Saboreamos sentados em um banco na Place de la Madeleine, em silêncio, como se qualquer palavra pudesse distrair daquele instante de perfeição.
Mas nem só de pâtisseries vive a doçura francesa. Um dos nossos hábitos diários virou parar em pequenas fromageries para provar os queijos locais — e muitos deles surpreendentemente tinham aquele toque levemente adocicado que harmonizava com vinhos e até com compotas. O Brie de Meaux, cremoso e suave, virou um dos nossos queridinhos para o fim de tarde. Já o Roquefort, com sua potência e personalidade, foi uma experiência à parte — intensa, marcante, para ser saboreada devagar. Comprávamos um pedaço, um pão fresco e nos instalávamos em algum jardim ou praça, fazendo nossos próprios piqueniques parisienses.
Também descobrimos pâtisseries menos badaladas, mas que nos conquistaram pelo sabor e pela simpatia. Numa rua tranquila do 6º arrondissement, encontramos uma pequena loja chamada Pierre Hermé, onde provamos um entremet de frutas vermelhas com mousse de baunilha e um toque de rosas — um dos doces mais delicados que já experimentei na vida. E foi nesses lugares menos turísticos, onde o francês era falado sem filtro e os clientes eram todos locais, que sentimos Paris de verdade.
Os doces de Paris não são só para o paladar — eles despertam memórias, criam pausas no dia e transformam simples momentos em experiências especiais. Cada doce que provamos foi também uma forma de nos conectarmos com a cidade, de celebrar juntos o prazer das pequenas coisas, e de levar um pedacinho da magia parisiense no coração (e na memória gustativa!).
Encantos da Cidade Luz
Paris tem um brilho próprio — não à toa é conhecida como a Cidade Luz. Mas o mais curioso é que essa luz não vem apenas das luminárias douradas que se acendem ao entardecer, ou dos refletores que iluminam a Torre Eiffel em um espetáculo noturno de tirar o fôlego. Ela vem de algo mais sutil: da forma como a cidade se revela aos poucos, como um romance que se desenrola página por página, revelando segredos, paisagens e emoções. E foi especialmente à noite que Paris mais nos encantou.
Caminhar pelas margens do Sena após o pôr do sol foi um dos hábitos que adotamos quase sem perceber. A cidade muda completamente de atmosfera. Os monumentos ganham contornos dourados, os reflexos dançam na água, e tudo parece mais calmo, mais íntimo. Em uma dessas noites, decidimos fazer um cruzeiro pelo rio — daqueles que partem da Pont Neuf, com música suave ao fundo e taças de vinho branco gelado na mão. Ver a cidade deslizar ao nosso redor, com a Torre Eiffel brilhando ao longe, foi como viver dentro de um filme. Nos entreolhamos em silêncio, sentindo aquela alegria tranquila de quem sabe que está vivendo algo único.
As pontes de Paris também merecem destaque. Cada uma tem uma personalidade, uma história, um detalhe arquitetônico que chama a atenção. A Pont Alexandre III, por exemplo, com seus detalhes dourados e esculturas ornamentadas, é pura elegância — talvez a mais bonita da cidade. Atravessá-la ao entardecer, com o céu tingido de rosa e os barcos passando ao fundo, foi daqueles momentos que fazem a gente suspirar. Já a Pont des Arts, famosa pelos antigos cadeados de amor, nos conquistou pelo clima descontraído e pelas vistas panorâmicas. Sentamos ali por um tempo, ouvindo um músico de rua cantar “La Vie en Rose”, e por alguns minutos o mundo parecia perfeito.
E como falar de Paris sem mencionar a majestosa Avenue des Champs-Élysées? Caminhar por ali ao anoitecer é uma experiência única. As luzes das lojas, os cafés iluminados, o movimento elegante das pessoas — tudo parece ter saído de uma cena de cinema. Foi lá que fizemos uma pausa para dividir uma taça de espumante em uma das brasseries da avenida, observando a vida passar ao nosso redor. E ao fundo, imponente e silencioso, o Arco do Triunfo se erguia em toda a sua glória. Subimos até o topo em uma noite de céu limpo e fomos recompensados com uma das vistas mais inesquecíveis de Paris — as avenidas se abrindo em estrela, os faróis formando um rio de luzes, e o brilho suave da Torre Eiffel ao longe. Um daqueles momentos que se guarda no coração.
Mas Paris também encanta nos detalhes mais simples. Em um fim de tarde, caminhamos sem rumo pela Île de la Cité e acabamos na Place Dauphine, uma pracinha escondida e quase silenciosa, com casais jogando pétanque e luzinhas se acendendo aos poucos nas janelas. Sentamos em um banco, com um pedaço de queijo e duas taças de vinho que compramos em um mercado ali perto. Ficamos ali, só observando. Foi um dos momentos mais românticos da viagem — sem roteiro, sem pressa, só nós dois e o charme discreto de Paris.
E claro, a Torre Eiffel. Por mais que seja o cartão-postal mais conhecido da cidade, vê-la à noite é uma experiência sempre emocionante. A cada hora cheia, o monumento pisca com milhares de luzes por alguns minutos — e por mais turístico que pareça, é impossível não se emocionar. Ficamos ali, de mãos dadas, olhando para o alto como duas crianças deslumbradas. Paris, com toda a sua sofisticação, também sabe ser mágica.
A Cidade Luz não é apenas um destino — é uma atmosfera. É o som dos passos ecoando nas calçadas molhadas, o aroma dos jantares saindo pelas janelas, o calor discreto de uma noite de verão às margens do Sena. É a sensação de se sentir parte de algo belo, eterno e irresistivelmente romântico.
Áreas Românticas e Inspiradoras
Paris tem esse dom sutil de transformar simples passeios em experiências profundamente românticas. Não é à toa que tantos casais escolhem a cidade para celebrar o amor. Seja nas grandes avenidas ou nas ruelas escondidas, sempre há um cenário encantador esperando por nós — um pôr do sol refletido na água, uma pracinha silenciosa onde o tempo parece parar, ou um banco de jardim onde basta um olhar para o mundo lá fora desaparecer. E foi nesses lugares que descobrimos o lado mais sensível e inspirador da Cidade Luz.
Um dos bairros que mais nos envolveu foi o Marais. Andar por ali é como abrir uma gaveta antiga cheia de cartas de amor. As ruas estreitas, as lojinhas com vitrines charmosas, os cafés discretos com mesinhas na calçada… tudo convida à intimidade. Em um fim de tarde, nos sentamos em um café escondido numa esquina da Rue Vieille du Temple, pedimos dois vinhos e ficamos apenas observando a vida acontecer ao nosso redor. O Marais tem uma energia viva e ao mesmo tempo acolhedora, onde o passado e o presente se misturam em perfeita harmonia.
Outro lugar que nos surpreendeu pelo charme delicado foi o Canal Saint-Martin. Talvez não tão famoso quanto os grandes cartões-postais da cidade, mas com um encanto todo especial. As pontes de ferro, as árvores formando túneis verdes sobre a água, os reflexos das luzes no fim da tarde… é um cenário que parece feito para os apaixonados. Caminhamos lentamente ao longo do canal, cruzando casais sentados à beira da água com taças de vinho, artistas desenhando em cadernos, pessoas lendo ao som do movimento suave dos barcos. Nos sentamos em um degrau, dividimos um pedaço de baguete com queijo e ficamos ali, apenas presentes. Foi um dos momentos mais simples e mais bonitos da viagem.
E há outros cantinhos igualmente mágicos. A Rue Crémieux, por exemplo, é uma rua colorida, quase escondida, onde cada casa tem uma fachada em tons pastéis. É difícil não se encantar com aquele cenário de conto de fadas. Perfeita para uma caminhada de mãos dadas e algumas fotos espontâneas — daquelas que a gente guarda pra sempre.
Também nos apaixonamos pela Place des Vosges, uma das praças mais elegantes de Paris, cercada por arquitetura renascentista e uma paz acolhedora. Espalhados pelo gramado, casais descansavam ao som de músicos tocando violino. Nos sentamos sob uma árvore, compartilhamos um macaron da Pierre Hermé e ficamos em silêncio — aquele silêncio gostoso, confortável, que só quem está em boa companhia sabe apreciar.
E como não falar do Jardim de Luxemburgo? Foi lá que passamos uma manhã preguiçosa, entre conversas, risadas e longas caminhadas. Alugamos duas cadeiras verdes perto da fonte central e deixamos o tempo passar. As flores estavam no auge, o céu azul contrastava com o verde intenso das árvores, e crianças brincavam com barquinhos de madeira na água. Era como se a cidade nos presenteasse com uma pausa perfeita — só nossa.
Paris tem muitos rostos, mas seu lado mais belo talvez seja mesmo o romântico. E não necessariamente aquele do glamour exagerado, mas o da simplicidade sofisticada, do olhar trocado sob a luz amarela dos postes antigos, do beijo roubado no meio de uma ponte, da taça de vinho dividida em uma escadaria qualquer. Foi nesses lugares que nos sentimos mais conectados, não apenas à cidade, mas um ao outro.
Vida Noturna e Espetáculos
Paris à noite tem um charme diferente. Ela troca o ritmo do dia pela batida envolvente da música, pelo tilintar das taças, pelos risos que ecoam pelas ruas e pelos espetáculos que fazem a gente sonhar acordada. E embora seja famosa pelo romance, a Cidade Luz também sabe — e muito bem — como nos surpreender quando o sol se põe. Foi em algumas dessas noites que eu e meu marido nos sentimos mais vivos, mais cúmplices, mais encantados com tudo o que a cidade tem a oferecer.
Nossa noite mais clássica foi, sem dúvida, no Moulin Rouge. Eu sempre tive uma curiosidade enorme por esse lugar, com seu icônico moinho vermelho girando na fachada e aquela aura de cabaré parisiense que mistura elegância, ousadia e história. Entrar ali foi como atravessar o tempo. Luzes baixas, veludo vermelho, garçons servindo champanhe, e um espetáculo que prende o olhar do início ao fim. As dançarinas, os figurinos, a música, a energia — tudo é vibrante e envolvente. Confesso que em alguns momentos me senti numa cena de filme, daqueles que a gente assistia sonhando com Paris.

Depois do show, aproveitamos para explorar a região de Pigalle, onde o Moulin Rouge está localizado. O bairro tem uma mistura curiosa de boemia e rebeldia, com suas luzes de neon, bares alternativos, clubes e casas noturnas. Caminhar por ali à noite é sentir Paris com uma dose extra de intensidade. Paramos em um barzinho pequeno, onde um trio de jazz tocava ao vivo, e pedimos dois coquetéis. Ficamos ali, sem pressa, observando os locais, os turistas, os artistas — cada um vivendo sua versão da cidade.
Mas nem toda noite parisiense precisa ser frenética para ser memorável. Em outro dia, decidimos assistir a um espetáculo mais tradicional, no Opéra Garnier. Só de entrar naquele prédio deslumbrante, com escadarias imponentes e lustres dourados, já nos sentimos transportados para outro tempo. A apresentação — um ballet contemporâneo — foi delicada, intensa e emocionante. Saímos de lá em silêncio, digerindo cada movimento, cada nota, como se tivéssemos recebido um presente precioso.
Também aproveitamos a noite para explorar bares de vinho no bairro de Saint-Germain-des-Prés, onde a vida noturna é mais suave, mas não menos interessante. Encontramos um bar intimista, com prateleiras repletas de garrafas e uma música francesa tocando baixinho. O garçom nos ajudou a escolher um vinho da Borgonha, e acompanhamos com queijos e uma conversa tranquila, dessas que a gente só tem quando está longe da correria do dia a dia.
E para quem gosta de algo mais animado, o Quartier Latin é uma boa pedida. Jovem, movimentado e cheio de restaurantes e pubs, é o lugar ideal para uma noite mais descontraída. Jantamos ali em uma noite de sexta-feira, num bistrô com música ao vivo e um clima alegre, quase festivo. O garçom brincava com os clientes, e a comida era simples e deliciosa. Depois do jantar, caminhamos pelas ruas iluminadas e nos demos conta de como Paris é diversa — uma cidade que acolhe todas as formas de viver e celebrar a vida.
Cada noite em Paris foi diferente da outra. Algumas cheias de brilho e glamour, outras marcadas por simplicidade e aconchego. Mas todas, sem exceção, nos deixaram com aquela sensação boa de estar exatamente onde deveríamos estar. Porque Paris, mesmo quando escurece, continua iluminando — não só com luzes, mas com experiências que tocam a alma.
Nossa Experiência Planejando Paris: Quando Ir, Como Se Locomover e o Nosso Roteiro de 8 Dias
Planejar uma viagem a Paris é quase tão emocionante quanto estar lá. Desde as primeiras conversas na mesa de jantar, com guias e sites abertos lado a lado, até os últimos ajustes no roteiro, tudo já fazia parte da viagem. Queríamos viver Paris com intensidade, mas também com calma — aproveitando cada momento, cada café, cada pôr do sol. E foi assim que organizamos nossa jornada de oito dias pela Cidade Luz, com escolhas feitas com carinho e atenção aos detalhes.
Quando Ir: Nossa Escolha Pela Primavera
Depois de muita pesquisa e algumas boas conversas com amigos que já tinham ido, decidimos visitar Paris na primavera, entre o final de abril e o começo de maio. E foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado. A cidade estava linda, os jardins floridos, o clima agradável para caminhadas longas e piqueniques ao ar livre. Havia turistas, claro, mas nada que atrapalhasse. O ar tinha um perfume suave de flores e liberdade.
Claro que também consideramos outras estações. O outono seria uma segunda escolha — com as folhas douradas caindo pelas calçadas e a cidade em um tom mais intimista. Já o verão, embora vibrante, nos pareceu agitado demais e com preços um pouco mais altos. E o inverno, com suas luzes de Natal, ainda está na nossa lista para uma futura viagem — quem sabe com uma taça de vinho quente nas mãos e a cidade coberta de luzinhas.
Como Evitamos Filas e Facilitamos os Passeios
Uma das decisões mais práticas que tomamos foi comprar os ingressos com antecedência, online. Reservamos os horários para a Torre Eiffel, o Louvre e o Palácio de Versalhes ainda do Brasil. Isso nos poupou longas filas e dores de cabeça. Também usamos o Paris Museum Pass, que nos deu acesso prioritário a mais de 50 atrações — uma economia real para quem quer mergulhar na arte e na história da cidade.
Sempre que possível, começávamos os passeios cedo, quando os lugares ainda estavam tranquilos, ou deixávamos para o final da tarde, quando o movimento diminuía. E essas escolhas também renderam fotos lindas, com uma luz suave e menos gente ao redor.
Como Nos Deslocamos Pela Cidade
O metrô de Paris foi nosso grande aliado. Com suas 16 linhas e estações espalhadas por todos os cantos, nos levou praticamente para tudo. No primeiro dia compramos o passe Navigo semanal, que valeu cada centavo. Com ele, pegamos metrô quantas vezes quiséssemos, sem precisar pensar em bilhetes individuais.
Mas o que mais gostamos mesmo foi caminhar. Paris é uma cidade feita para ser explorada a pé. Andamos por horas em bairros como o Marais, Montmartre e Saint-Germain-des-Prés, descobrindo lojinhas, cafés escondidos e vistas inesperadas. Também usamos o sistema de bicicletas Vélib’, super prático e barato. Em alguns momentos à noite, quando o cansaço batia, optamos pelo Uber — especialmente depois dos espetáculos ou jantares mais longos.
Nosso Roteiro de 8 Dias em Paris (Com Custos Aproximados)
Dia 1 – Chegada + Marais
Nosso primeiro contato com Paris foi no charmoso bairro do Marais. Almoçamos em um bistrô acolhedor, exploramos as lojinhas e encerramos o dia com um jantar leve em uma pracinha encantadora.
👜 Custo: US$ 80 (almoço, jantar e transporte)
Dia 2 – Torre Eiffel + Trocadéro + Cruzeiro no Sena
Subir a Torre Eiffel ao entardecer foi emocionante. Depois, caminhamos até o Trocadéro e encerramos o dia com um cruzeiro noturno pelo Sena, com a cidade iluminada ao nosso redor.
👜 Custo: US$ 100
Dia 3 – Museu do Louvre + Jardin des Tuileries
Passamos horas no Louvre (e ainda assim ficou faltando tanta coisa!). Fizemos uma pausa no Jardin des Tuileries com um piquenique improvisado.
👜 Custo: US$ 90
Dia 4 – Montmartre + Sacré-Cœur + Moulin Rouge
Subimos as ladeiras de Montmartre com calma, visitamos a Sacré-Cœur e à noite nos produzimos para assistir ao show no Moulin Rouge — uma noite mágica!
👜 Custo: US$ 200
Dia 5 – Museu d’Orsay + Saint-Germain-des-Prés
O d’Orsay virou um dos nossos museus preferidos. Depois, nos perdemos pelas ruas elegantes de Saint-Germain, com paradas em cafés e livrarias.
👜 Custo: US$ 90
Dia 6 – Palácio de Versalhes + Jantar Especial
Fizemos um bate-volta a Versalhes, que é de tirar o fôlego. E à noite, um jantar especial com direito a vinho, sobremesa e brindes à vida.
👜 Custo: US$ 250
Dia 7 – Canal Saint-Martin + Marché des Enfants Rouges
Descobrimos o lado mais descolado e tranquilo de Paris, com um passeio pelo canal e um almoço incrível no mercado. À tarde, só andamos e observamos.
👜 Custo: US$ 70
Dia 8 – Champs-Élysées + Despedida
Nos despedimos da cidade com um passeio pela avenida mais famosa de Paris e um último café ao pé do Arco do Triunfo. Deu até um nó na garganta na hora de ir embora.
👜 Custo: US$ 100
💰 Custo Total Estimado (sem passagens e hospedagem): US$ 1.200
Por fim…
Escrever sobre Paris é reviver cada momento com o coração apertado de saudade e os olhos cheios de brilho. Foram dias intensos, leves e apaixonantes, vividos com a mente aberta e o coração entregue à experiência. Mais do que um destino turístico, Paris foi, para nós, um mergulho em arte, sabores, beleza e emoção.
A cada rua percorrida, descobríamos um novo motivo para nos apaixonar. Às vezes era um acordeonista em uma ponte. Outras, um perfume que escapava de uma pâtisserie. Ou ainda um pôr do sol refletido no Sena, que nos fazia parar e simplesmente contemplar. Mais do que visitar monumentos e museus, vivemos a cidade — caminhamos, sentimos, experimentamos. E isso fez toda a diferença.
Voltar de Paris foi como acordar de um sonho bom. Mas o que ficou é ainda mais valioso: as memórias, as histórias, as sensações. E a certeza de que há lugares que transformam — e Paris é, definitivamente, um deles. Se você está planejando essa viagem, vá com tempo, com olhos curiosos e com o coração aberto. Porque Paris não se vê apenas com os olhos — Paris se sente com a alma.
Dica Exclusiva da Autora: Como Aproveitar Melhor o Museu do Louvre
Visitar o Museu do Louvre foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da nossa viagem — e também uma das mais desafiadoras. O lugar é gigantesco, quase como uma cidade dentro da cidade, e se você não for com algum planejamento, é fácil se perder (literalmente e figurativamente) entre suas milhares de obras.
Antes de viajarmos, li vários relatos sobre a importância de chegar com ingressos comprados com antecedência e um horário de entrada já agendado. Segui esse conselho à risca — e repasso aqui como uma das dicas mais valiosas que posso dar. Chegamos logo pela manhã, com o museu ainda relativamente tranquilo, e isso fez toda a diferença. As filas podem ser longas, principalmente na alta temporada, e ter tudo resolvido antecipadamente nos deu mais tempo (e energia) para curtir cada momento lá dentro.
Outra dica que eu daria como amiga: não tente ver tudo. O Louvre é imenso, e querer abraçar o museu inteiro em uma visita pode acabar em frustração e cansaço. Nós decidimos focar nas obras mais emblemáticas — aquelas que sempre sonhamos em ver de perto — e foi a melhor escolha.
Começamos, é claro, com a Monalisa, na Ala Denon. Sim, estava cheia de gente. Sim, ela é menor do que imaginávamos. Mas estar ali, diante daquele olhar enigmático, foi especial. Na mesma sala, algo que muitas pessoas passam batido e que nos deixou de boca aberta: “As Bodas de Caná”, um quadro imenso de Paolo Veronese que ocupa uma parede inteira com sua cena vibrante e cheia de personagens.

Descendo a escadaria Daru, fomos surpreendidos pela Vitória de Samotrácia, uma escultura poderosa, sem cabeça nem braços, mas com uma força impressionante em sua postura — é impossível não sentir algo ao vê-la, com sua túnica esvoaçante esculpida em mármore branco.
Na Ala Sully, encontramos a clássica Vênus de Milo, com sua beleza serena e atemporal. É incrível pensar que essa estátua sobreviveu a séculos e continua emocionando quem passa por ela. Um pouco mais adiante, na Ala Richelieu, ficamos fascinados pelo Código de Hamurabi, uma das primeiras codificações de leis da humanidade. É algo que mexe com a nossa imaginação e nos conecta a um passado muito distante.
Entre tantas obras, outra que me emocionou profundamente foi A Coroação de Napoleão, de Jacques-Louis David — imensa, cheia de detalhes e uma aula de história visual. E claro, não poderíamos deixar de sair e apreciar o lado de fora da Pirâmide de Vidro, que hoje é um dos cartões-postais mais fotogênicos de Paris. Ficamos um tempo por ali, sentados nos bancos ao redor, apenas observando o movimento e absorvendo tudo o que tínhamos vivido ali dentro.
Dica bônus: baixe o aplicativo oficial do Louvre. Ele tem audioguias em português, rotas sugeridas e um mapa interativo que ajuda (muito!) a se localizar. Nós seguimos o roteiro das “Obras Essenciais” e conseguimos ver o essencial com calma e profundidade em cerca de 3 horas.
A visita ao Louvre foi, para mim, uma aula de história, arte e sensibilidade. E com um pouquinho de planejamento e foco, dá para torná-la inesquecível — mesmo com tempo limitado. Meu conselho? Escolha o que mais te emociona, e permita-se sentir, mais do que apenas ver. Porque arte, em Paris, é sempre uma experiência pessoal.